Textos Críticos
“Jabim Nunes se dedica a essa série de trabalhos há oito anos. Faz pinturas a partir de recortes coloridos, está clara sua intenção sedutora. São geométricos e ao mesmo tempo formam paisagens arquitetônicas orgânicas – favelas. Do caos para o cais do mundo frágil, violento e em constante mutação, isso inclui a era cibernética. O tempo mudou. Isso faz com que tudo seja pensado de forma rápida e eficaz.
Assim como a pintura de Jabim, rápida e eficaz, te leva pra luz, te seduz e pede para ser apreciada. A exaustão ululante faz com que a pintura assuma um papel norteador fundamental (estético e contemporâneo).
A arte como um falcão treinado, voa alto e retorna ao falcoeiro: ele pode voar alto e nunca mais voltar, mas ele precisa voltar, assim é a arte. Nessas pinturas, cores se espalham para depois se unificarem em formas geométricas, sobrepondo o jogo das cores, pintura luminosa e limpa, permite estabelecer um diálogo entre a obra e o espectador.
Jabim não quer reinventar a roda e quer apenas que ela gire. A pintura é construída de tal forma que se torna orgânica. Um retângulo aqui é um retângulo no Japão e no Irã também. Mas o contexto – sócio – político – ambiental – arquitetônico é que varia…
É perfeita a sua sobreposição equilibrada das figuras (nem sempre retangulares) no suporte recortado, reflete em nosso olhar viciado de figurinhas, o desejo de encontrá-las seja em construções, condomínios e favelas em beira de estradas. A organização das figuras dentro do suporte recortado permite um jogo de figura e fundo incansável. A Arquitetura se faz presente; inevitável; impossível não ser remitido a uma favela diante da pintura de Jabim, mas não é tão simples assim. O olhar costura a cena, unificando pictoricamente os elementos do espaço. A pintura segue seu rumo, lento e alegre, assim Jabim faz pintura solar no tempo presente, o seu tempo é seu …., não existe tempo” existe sim o espaço a ser preenchido e isso Jabim faz sabiamente, preenchendo os espaços com cores limpas e luminosas numa pintura solar e espiritual, a cor faz a forma e vice versa.”
Gilvan Nunes – Crítico de Artes.
“O Encantamento pela Cor
Entre os diversos elementos das artes visuais, como a forma e a linha, por exemplo, a cor tem um papel primordial. O saber lidar com as tonalidades e a busca por respostas para esse universo é altamente desafiador e motivador. Trata-se de um mundo encantador e encantado de possibilidades em que é necessário estar sempre pronto para arriscar.
Jabim Nunes vem realizando essa jornada com maestria. Em cada trabalho existe justamente a preocupação de entendimento cada vez maior dos diálogos, dos contrastes e das aproximações entre as cores. Trata-se de uma caminhada infinita, pois cada aparente resposta é apenas o ponto de partida para novas indagações.
Um elemento essencial nessa procura reside na manutenção do senso de investigação e de pesquisa. As soluções encontrada, por melhores que possam parecer, são muitas vezes, apenas o início de novos questionamentos sobre aquilo que se está procurando. Existe assim um constante aprendizado em que o único dever é não estagnar.
A manutenção de uma experimentação em que a cor e a forma permaneçam no centro das atenções aponta para a preocupação de estar sempre oferecendo ao público e a si mesmo o melhor possível. Existe assim um compromisso eterno, externo e interno, com cada obra de arte realizada rumo a aperfeiçoamentos poéticos e estéticos permanentes.”
Oscar D’Ambrosio é doutor em Educação, Arte e História da Cultura
e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp.